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O SOL É PARA TODOS


 

Vamos de clássico? Vamooooosssss!!

Quase todo mundo, em qualquer canto do mundo, talvez já tenha ouvido falar sobre “O Sol é Para Todos”. Um dos livros mais lidos do mundo desde a sua publicação em 1960, eleito por inúmeras revistas o romance do século XX.

A princípio, existe algo nessa obra-prima que não te faz parar de lê-lo; mas antes de falar sobre essa ‘coisa’ que atrai nossa imaginação quando se aventuramos em “O Sol [..]”, é preciso falar um pouco sobre a diferença do título em inglês e em português: “To Kill a Mockingbird”, na versão original; “O Sol é Para Todos”, no Brasil.

Mockingbird é uma espécie de pássaro cantante, cuja tradução não existe para o português. Palavra que podemos encontrar também no último livro da trilogia “Jogos Vorazes”, traduzido para “A Esperança”; pois bem, nos dois títulos existe uma forma de entrelaçar o enredo. O foco da história é a segregação racial nos Estados Unidos dos anos 1930, tendo como cenário uma cidadezinha do Sul, chamada Maycomb.

“[...] Uma cidade antiga e decadente” (p. 13)

De início, o leitor acompanha as aventuras de três crianças: Jem, Dill e Scout, esta última, narradora e testemunha ocular dos acontecimentos. A partir disso, já podemos imaginar a intensidade da história: crianças presenciando o racismo cotidiano do Sul dos Estados Unidos. Atticus Finch, pai de Scout e Jem, advogado, branco, decide defender Tom Robinson, negro, acusado de estuprar uma jovem de dezenove anos. Um crime cuja sentença final é a morte.

Harper Lee escreve isso na década de 1950, e o publica em 1960, antes da figura emblemática de Martin Luther King, quando o racismo ainda era naturalizado, com a divisão de escolas e a proibição dos negros frequentarem os mesmos locais que os brancos, inclusive bebedouros públicos (FIGURA 1).

FIGURA 1 – Divisão racial de bebedouro público, EUA, anos 50

Disponível em: http://nucleopiratininga.org.br/racismo-igual-aos-eua/

Os personagens são carismáticos, e alguns, extremamente misteriosos, e a medida que os conhecemos, percebemos a força de cada: Calpúrnia, negra, cozinheira da casa dos Finch; Dill, primo do Mississipi que vem passar o verão em Maycomb; os Radley, família misteriosa que não mantinha contato com a cidade, despertando inúmeras boatos; os Crownford; a Professora Fisher; os Cunningham...

...

ALERTA! As próximas linhas podem conter Spoilers. Se não é adepto dessa prática, pare imediatamente! Caso contrário, siga em frente...

[Intervalo para pensar em pouco]

Cada final de capítulo produz uma atmosfera de tensão que serve de ‘gancho’ para continuar lendo até finalizar as 349 páginas. O livro também é cheio de frases emblemáticas, cujas entrelinhas possuem uma carga de moral intensa, em destaque os diálogos entre Scout, Jem e Atticus, como este no final da Primeira Parte: “Você raramente vai vencer, mas às vezes vai conseguir” (p. 143).

O choque entre inocência de Scout e a crueldade da realidade também marcam a narrativa, como quando ela pergunta ao pai o que é estupro:

“O que é estuprar? Perguntei naquela noite”

“Ele deu um suspiro e disse que estuprar era ter contato sexual com uma mulher à força e sem o consentimento dela” (p. 170).

Na página 185 temos uma citação sobre a Ku Klux Klan (KKK), que após a Crise de 1920 ganhou força com seus atos violentos contra negros, pregando a supremacia branca: “A Ku Klux Klan acabou e nunca mais vai voltar, disse Atticus”.

Sem dúvidas, o ponto alto do livro é o julgamento de Tom, o negro acusado de estupro, que se inicia na página 200 e se estende até a 263. Não é preciso dizer que Tom sempre foi inocente, e na verdade não houve estupro, mas uma agressão física do pai alcoólatra contra a jovem. Porém, mesmo oferecendo provas concretas sobre isso, o júri foi unanime em condenar o negro inocente perante o branco agressor. Em uma determinada passagem do final do livro, a morte de Tom é comparada à matança de pássaros canoros por caçadores. Ele sempre foi o “Mockingbird”. E o Sol nunca foi para todos, frente às injustiças, segregações e desigualdades do mundo. Em uma última palavra: CLÁSSICO.

Para finalizar, as últimas páginas do livro é DETIRAROFÔLEGO!!! Digo apenas isso.

A edição que eu li foi a mais recente da Editora José Olympio. A capa é maravilhosa!! E as letras são grandes. Sem esquecer que foi um presente de aniversário muito especial.

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